sábado, 29 de agosto de 2009

Texto Cético

Eu sempre escuto o Djavan dizendo: “só sei viver se for por você”. Sempre penso: ainda bem que ninguém diz isso pra mim, porque ficaria super chata a minha resposta. Não, eu não ia acreditar, e eu sou sincera: ia dizer que não acredito. O cara ficaria chateado, o namoro entraria em crise, e acabaria.
Talvez, dependendo da maturidade do “namorado”, o namoro não acabasse. Mas, não sei... Acho que as pessoas sentem NECESSIDADE de dizer essas mentiras - que elas tanto queriam que fossem sinceras – simplesmente porque acreditam que não há nada sem amor. Nós nos convencemos de que precisamos de alguém para completar nosso sorriso, precisamos de um olhar que nos diga que tudo vai ficar bem, de um abraço forte que faça esquecer o dia ruim, de um beijo apaixonante, de tirar o fôlego, e pensar que nele se expôs o maior amor do mundo. É, sentimos a necessidade de nos convencermos de todas essas mentiras.
Dirão: nossa, Carol, como você está anti-romântica. Só porque seu namoro acabou, não quer dizer que as coisas são tão horríveis como você pinta. A questão não é essa. O que acontece, é que agora eu enxergo algumas coisas que, antes, não enxergava. E... Se você está apaixonado, provavelmente não vai enxergar. Principalmente se for seu primeiro amor.
Eu não sei até que ponto essas mentiras convencem. Não convencem nem quem diz, talvez tampouco convençam quem ouve.
É, eu sou assim: quando eu vejo um relacionamento – de qualquer tipo que seja – se esvaindo, eu vou logo dando provas de afeto, carinho, digo palavras bonitas e, finalmente, digo que amo a pessoa. Quando eu me vejo escrevendo depoimentos inaceitáveis com declarações lindas de como a amizade/amor de alguém é realmente importante pra mim, sem que esta pessoa tenha feito nada de bom nos últimos dias, logo percebo: nada do que escrevi é verdade. Talvez tenha sido, um dia, e tudo que quero agora é resgatar o sentimento. Mas, no momento, é tudo mentira.
Enfim, voltando aos relacionamentos amorosos.
Quem foi que disse que precisamos de um parceiro? Só porque Deus inventou a Eva pro Adão?! Ah, meu amor, te digo que foi por outro motivo. Convenhamos que Adão é homem, e homem precisa de mulher, não só para “amar”. Entrelinhas super explícitas, acho que não preciso dizer mais nada. HAHA.
Até que ponto vai meu ceticismo? Ah, nesse aspecto, vai até o fim. Talvez, um dia, eu me convença do contrário. Mas com todo o pouco que já vi e vivi até hoje, só posso concluir que, para o homem, o mais importante em se ter uma mulher, não é o amor.
Então só posso continuar meu texto enfocando as mulheres, que são seres sensíveis, capazes de amar. Não que homens não sejam, “eu poderia falar horas sobre os homens que amam”, só acho que fica melhor se eu falar sobre algo que eu realmente conheço: minha alma, as das minhas amigas, os relacionamentos que já vi começarem, declinarem e acabarem. É só disso que eu posso falar, então, antes que as pedras sejam atiradas: os homens amam, só não me convém falar sobre eles.
Quanto às mulheres... Elas têm tendência a acreditar no que o Djavan diz. O que a gente tem que entender é que ninguém vive por ninguém. Se você está com alguém, pode ter dois motivos: conveniência ou se sentir bem. A conveniência, o mais comum em relacionamentos longos, é o fato de você já ter intimidade total com a pessoa, ela saber todos os seus segredos, você não precisar se explicar, porque ela já te conhece. Já não se ama mais? Talvez. A paixão é que com certeza não existe nesses casos. É aí que começam as mentiras.
Esses relacionamentos longos, obviamente, tiveram um começo. E esse começo é maravilhoso. Não cansar de estar perto, querer ver a pessoa todos os dias, o coração disparar ao ver o nome dele no celular, os emails fofíssimos, cartinhas de amor, poemas bregas etc. Isso é tudo muito bom, mas pouco real. É só empolgação.
Quando isso acaba, tudo vira rotina. Então, para tentar fugir dessa nova realidade, passamos a dizer coisas do tipo: só seu sorriso me faz feliz; eu não me imagino sem você ao meu lado; tudo de bom que aconteceu comigo foi depois que você chegou; não sei o que seria de mim sem você; você é tudo pra mim; “só sei viver se for por você”.
Percebe? Quando acaba, você queria que continuasse. Mas não vai mais continuar. Aí você inventa uma realidade paralela, aquela que você queria, e, para trazê-la mais próxima do que é real, começa a dizer coisas que só são verdade naquele outro mundo, mas não nesse. Pela repetição, você se faz convencer de que realmente não há vida sem “ele”.
Mas uma hora acaba. Nessa hora é que você se dá conta desse mundo paralelo que você criou, se enganou e, quando esbarrou na realidade, levou um tapa na cara, viu que o fim já era fim há muito tempo e só você não via. Termina o relacionamento, você pára pra pensar, se pergunta quanto daquilo foi verdade.
É, aí talvez você pense que nunca mais vai amar de novo.
Eu pensei.
Mas... Acho que não. Vai acontecer tudo de novo, vou colecionar mais vááááários sonetos. Só que não acho que vou maltratar meu coração não, só foi da primeira vez. Agora eu conheço os passos dessa estrada, sei muito bem chutar as pedras do caminho pra longe, me desviar das ribanceiras e pular de um lado ao outro do abismo, sem um arranhão sequer.
É... Você aprende. Uma hora, aprende.
Aí vocês dirão que meu ceticismo me torna mais triste. Eu digo que não. Digo que, ao contrário: vai me poupar muitas tristezas sem necessidade. Todo aprendizado tem seu valor e, mesmo que tenha me tornado mais dura, ainda consigo inventar mundos paralelos e sentir a mesma emoção do começo, se eu quiser. Só que, no momento não quero. Quando eu quiser, vocês vão saber. :)

2 comentários:

  1. é.. discordo de várias coisas q vc disse aí tanto quanto concordo com várias outras... as coisa seguem um padrão, um rumo clichê, mas nem todos os motivos são iguais, como nem todas necessidades.
    mas, enfim, muito bem analisado. já cheguei à conclusões semelhantes. mas existe vida depois do ceticismo. sei lá, não precisava dizer isso, com certeza vc sabe muito bem.

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