segunda-feira, 10 de agosto de 2009

E o vento na janela?

Abri as janelas, senti o vento anunciando a chuva. Eu costumo sempre olhar pra rua, de madrugada. É tão engraçado ver o mundo parado. A maioria das pessoas dormindo, umas devem estar abraçadas ao marido, namorado, ficante. Eu não sinto mais essa necessidade, não. Algumas outras, curtindo alguma festa, talvez usando drogas, talvez a mãe esteja em casa preocupada, talvez seja a namorada desconfiada, talvez ninguém esteja se lembrando delas. Outras pessoas, ainda, devem estar sofrendo. Por um amor acabado, a mãe no hospital, uma doença, o cansaço, a desilusão, a derrota, a vida vista como ela é.

Bom, eu não tenho nenhum desses problemas. Estou na segurança do lar, meus pais estão dormindo, não sei se alguém se preocupa comigo, mas a essa altura, isso também não importa, porque minha mente está vazia, também não estou preocupada com ninguém. Não tenho problemas sérios, não. Então por que ser triste? É melhor ser alegre que ser triste. Mas a tristeza não tem fim, felicidade sim! Como já diziam os mestres Tom e Vinicius. Porra! Que jeito ridículo de enxergar as coisas.

E que tristeza é essa? É um sentimento de total impotência.

Porque esses sentimentos me assaltam e eu nem sei de onde vêm. E eu não consigo fingir que não chegaram. Mas todo mundo está cansado de me ler reclamando das coisas. Eu quero parar de reclamar.

Voltando ao vento na janela...

Me dei conta de que não precisava dormir porque já estava quase na hora de acordar. Fiquei lá, então, absorta nesses e muitos outros pensamentos enquanto esperava que o sol aparecesse para eu poder sair do meu casulo. O dia e a noite, opostos que são, também devem ter a capacidade de transformar o sal em açúcar. Se é que vocês entendem a que sal me refiro. E a que doçura também. Eu acho estranho escrever para as pessoas. Eu digo tanta coisa nas entrelinhas, cada expressão usada quer dizer tanta coisa, que às vezes eu penso em desistir do blog porque eu sei que ninguém vai entender nada. Eu poderia voltar ao meu caderninho de coisas não-publicáveis haha. Mas não vou, porque uma pessoa gosta, então vou continuar aqui. E quem não gosta, não lê, então tudo bem!

Voltando ao vento na janela...

E então o sol apareceu mas a doçura não foi ele quem trouxe. Eu resolvi sair. Respirar. Repassar na minha mente os últimos acontecimentos e me perguntar “será que esses risos são reais?” Porque foi até engraçado quando eu terminei meu namoro, mas ficava sorrindo à toa. Por outros motivos, claro. Por “pior ser humano” que eu seja, eu ainda tenho sentimentos e não acho normal terminar um relacionamento de três anos com tantas promessas e planos e continuar super feliz. Mas acabou e a ordem natural das coisas é que a minha vida siga em frente. Eu fico triste por ter feito tanto por ele, e vê-lo voltar ao ralo de onde eu o resgatei. Mas isso é papo pro caderninho de coisas impublicáveis. Além disso, ainda me lembrei que meus “eu te amo” saem muito mais doloridos quando ditos, que quando escritos. Por isso, alguém pode me achar romântica, quando me lê. Mas quando me ouve, muda de idéia. Entretanto, por mais que eu encontre tanta dificuldade em dizê-los, eles são sinceros, quando resolvem sair da minha boca. Foram poucas vezes. E lembrando disso, pensei em mudar, tentar entender melhor, reparar menos nos erros e elogiar mais os acertos. Até comigo. Não é fácil assim e a chuva começou a cair. Boa idéia foi trazer o guarda-chuva, mas eu não quis abri-lo. Assim como não abri o coração a quem queria entrar. As gotas d’água se misturavam às lágrimas e assim era melhor, ninguém veria. Mas será que havia lágrimas? Eu acho que não quero e nem consigo chorar, mais. O torpor frente a certas sensações já é mais freqüente que antes. A cada dia, tenho mais provas disso.

E o vento da janela? Parou de soprar, foi um último suspiro.

Aquela Carol não respira mais, não vive, nem nunca viveu. Foi só uma invenção, uma parede de vários tijolinhos que se escondiam por trás da tinta e agora resolveram aparecer. Será que as paixões e aquela loucura tão gostosa e intensa faziam parte desses tijolos? Ou era só imaginação?

Meus pés, agora, estão no chão. Espero que o próximo post tenha um outro tom, um outro tema e seja escrito por uma outra pessoa, porque dessa aqui, eu já cansei.

2 comentários:

  1. caderninho de coisas impublicáveis... é, são sempre bons, mas qual o problema d ninguém entender todas suas entrelinhas particulares, vale o q cada um sente e pensa quando lê da sua vida, a respeito da vida própria
    eu acho =P

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  2. Carolzinha...como sempre belo texto!!

    "Mas todo mundo está cansado de me ler reclamando das coisas. Eu quero parar de reclamar."

    Isso!! Par de reclamar...hahhaha

    bjinho!!

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