segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Véu


Todos os caminhos são passos
Estão lá os traços
Me querem no chão,
Mesmo que em pedaços
E soltaram minha mão.
Caem as gotas do céu
Como as do rosto corado
Cores por trás de um véu
Olhos sozinhos nublados.
Como um trajeto pré-determinado
Eu sigo por cima das falhas
Na corda-bamba da intuição
Nos buracos esparramados pelo chão
Nas batidas.
Não há explicação
Ninguém queria ver
Destino sem destino, desviado
Virado para o outro lado
Querendo não ser
O asfalto queima
Meu peito em brasas, grita
Quente, canta, triste
Porque não mais existe, mas insiste...
Voltar a não ter, não querer, não sonhar
Voltar pela estrada que já ficou
Uma única mão que me pára
Seduz, acalenta e ampara
Mas depois me deixa só
No meio da encruzilhada
Sem mapa, sem enxergar nada.
Eu sei que ainda tem um desvio
E eu já não estou aqui
Só comigo, eu caminho
Vou tentando me encontrar
Sair de onde me perdi
Chegar, enfim, a mim.


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