quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O Rio

"E deixo pra depois o que eu tinha que fazer, o destino aceito sem dizer sim ou dizer não, sem entender...♪"




Eu quis correr até ser capaz de me encontrar no seu olhar, quis enfrentar os seus perigos, sobrevoar seus precipícios, me perder no seu abismo, ser sua. Eu quis que, ao menos naquele dia, não houvesse nuvens no céu. Que a sua sedução não corresse até mim como a água no rio, que leva tudo de bom e de ruim, mas sabe fazer qualquer barquinho, como o meu, naufragar. Eu poderia ter perdido a vela, perdido o caminho, a bússola, o cruzeiro, o meu rumo, mas jamais poderia perder o seu rumo. E perdi. Esqueci, por um momento só, que as pedras do caminho estão para ser chutadas e não para me impedirem de chegar. Demorei até perceber. Percebi tarde demais, seu olhar já não me chamava... Não me adiantaria correr, só chegaria a tempo de ver suas costas que, me vendo chegar, me avisavam da tua partida. E não fui. Não quis tentar gritar, eu sabia que não arrancaria uma virada tua. Sabia que não voltarias o olhar para o meu. Esperei que o trem partisse sem sequer sentir um aceno seu. Não o procurei, posto que não o encontraria. Decidi que não mais correria. Parei para olhar o rio, o seu rio, aquele que eu te dei. Aquele que enfeitou nossas tardes e deixava a aurora mais bonita... Aquele que me despertava mais cedo para que eu visse o seu sorriso. Este, ele não mais veria. Nossa imagem, não mais refletiria. Mas continuaria a correr e a levar as flores que jogamos. Que venham mais flores até mim, que as nossas nadem até outro amor qualquer, que a correnteza te leve daqui.

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