terça-feira, 29 de setembro de 2009

Eu não gosto de me explicar.

Eu prefiro a liberdade do texto em prosa. Gosto de brincar com pontos finais que poderiam transformar-se em vírgulas, ao sabor da imaginação de quem lê. Gosto de escrever palavras iguais ou parecidas, mas com sentidos diferentes. Gosto de repetir o começo das frases e saber bem quando parar de fazer isso...


Brinco com as reticências, porque o que é a vida a não ser reticências que a gente põe e tira?

Brincar de escrever, anotar pensamentos, estar caminhando e ter uma idéia, pensar: isto vai pro blog, é uma delícia. Não ter pretensão nenhuma, apenas gostar de expressar, deixar minha alma mais leve. Não me interessa se as pessoas vão gostar de ler, mesmo porque, nem eu mesma gosto. Eu gosto de escrever, mas não gosto do que escrevo... Assim como eu gosto de olhar a chuva, mas não gosto das conseqüências que isso gera... Gosto de lembrar, mas nem sempre a sensação é tão boa assim...

Gosto de reler. Ontem reli vários textos, meus e de mais alguém. Enfim, me senti mudando em cada verso ou cada linha. As permutas e as voltas ao mesmo ponto. As voltas em redor do mesmo círculo, da mesma roda, da mesma vida...

E as mesmas pessoas que chegam e se vão sem que eu tenha consciência de que as ganhei ou perdi, a tempo. Perceber nos detalhes de uma voz os sentimentos todos. Numa frase não pensada, o que se queria tanto dizer. Aquela, que vem de surpresa e alucina.

A vida tem me dado tantas surpresas, tantas coisas boas supriram as ruins nos últimos tempos... Tanta felicidade tem chegado a galope e as coisas ruins se esvaído num espaço de tempo tão pequeno que nem dá pra sentir.

Apesar de adorar esta liberdade do texto em prosa, hoje sinto a necessidade de um poema. Escrevi tantos, mas nenhum pode se tornar público. Hoje, entretanto, tentarei revelar menos de mim e mais do abstrato, do infinito, do que eu quero e preciso, mas ninguém pode ver, saber, entender.

Os poemas têm uma mágica por conterem tantos segredos ocultos que só o leitor pode desvendar, e cada leitor desvenda de uma forma... Há tanto de mim revelado ali, mas as pessoas conseguem se enxergar ao ponto de se esquecerem que o eu - lírico sou eu, e não ele. Não que isso seja ruim, pelo contrário.

Eu me sinto segura no meio dos meus versos incompreensíveis. Eu os compreendo e me compreendo através deles.

Escrevo um poema e, horas, dias, semanas depois é que vou entender o que eu quis dizer. É inconsciente, é súbito. Vem a palavra, o verso, a rima. Eu escrevo, sem saber. E sei. Depois, eu sei.





Caía em mim um navio náufrago

De tantos naufrágios meus em ti

De tantos passos apressados

Por tantos lados eu fugi



Mas de você, não sabia nada

E do pouco que conhecia

Do mundo, das flores das estradas,

Das histórias que só eu sabia



Dessas coisas todas que eu já havia visto

Mesmo que em sonho ou fantasia

Observei que a vida não era mesmo aquilo

Que há muito tempo, eu não vivia



Mas meus olhos se abriram num relance

Algumas palavras que fizeram enxergar o que eu já via

A cada minuto e suspiro, a cada instante

Quanto de mim mesma eu sabia?



E então eu corria por todos os caminhos

Me encontrava em espelhos que eu não conhecia

E em meio aos barrancos e destinos

Emergi de volta à vida.



sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Passando por mim....

"Pensar é ser humano, fantasiar também."

Já me disseram pra criar outro mundo, de ilusões, e pular pra dentro dele quando este aqui não for bom o suficiente.
Mas quem define se esse aqui é bom ou não, sou eu, né? Então vamos lá.

Eu poderia fazer uma lista aqui de reclamações, desde o orkut estar TIRANDO UMA COM A MINHA CARA com esse negócio de "faça uma promoção" pq tá enchendo o saco eu ter que ficar "descartando" promoções dos outros, até coisas da minha saúde mesmo, porque eu cheguei ao cúmulo de ter cinco remédios diferentes na minha cabeceira, essa semana. Todos no mesmo dia.

Mas eu não vou fazer esta lista enorme por dois motivos: primeiro que ninguém quer saber, segundo que seria um saco ficar me lamentando aqui, e, apesar de parecer, isso aqui não é um divã. Se vocês não têm mais o que fazer e ficam lendo, ótimo, mas não estão ganhando nada pra fazerem papel de psicólogos. Então vamos às divagações tolas que eu ganho mais.

Olha só, eu não espero respostas quando eu não faço perguntas. E eu tenho medo de perguntas. Por dois motivos: a realidade é algo que eu realmente não ficaria feliz em conhecer, ou, de outro lado, a pessoa poderia mentir exatamente por este motivo, o que me faz querer menos ainda saber dessas respostas.
Sabe, a gente fica pensando. Eu fico. Eu crio horas e horas de diálogos, eu demoro pra dormir pensando em situações, eu crio teses, eu mesma as refuto. E aí, quando a pessoa está lá, eu simplesmente não quero falar. Não acho que vale. Acho que vai encher o saco e não vai adiantar. Encher o meu e o dela. Então não faço.
Mas eu já avisei que ficar guardando também não é bom. Já avisei muita gente.

"Eu ouço sobre o amor e me calo". Escrever palavras bonitas, eu também consigo, às vezes. Ouvir sobre o amor é lindo, é mágico. Mas chega uma hora em que a gente não acredita mais. Eu sempre fui da opinião de que gestos dizem o que nenhuma combinação de palavras, por mais linda que seja, consegue dizer. Tanto para o bem como para o mal. Eu posso passar anos longe de uma pessoa, mas o meu olhar pode fazer todo esse tempo se transformar em nada, porque ela vai querer estar ao meu lado, vai ver a sinceridade ali. Ou então eu posso dizer todo dia que a amo, posso deixar recadinhos, posso escrever poemas pra impressionar, e, mesmo assim, essa pessoa pode se sentir distante e abandonada.
É muito relativo. A gente nunca entende exatamente o que a outra pessoa quer, a gente não sabe ler pensamentos. A gente não vê a alma. Podemos acreditar desacreditando, mas às vezes isso é ser injusto. Acho melhor falar logo que não acredita. Magoa, machuca. Mas sinceridade vale ouro. A sinceridade é o que te salva do abismo em frente ao qual muita gente vai querer te posicionar. Na vida, é assim. É cada um por si, todos contra todos. É.

"Carinho sem querer me cansa, e me dói".

Eu tenho medo de confiar, e não vou, mais uma vez.
Eu não vou me permitir ser feliz, porque eu não quero me machucar.

Eu só vôo alto quando tenho certeza de que posso sobreviver à queda.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Divagações.


Nada a ver uma coisa com a outra, mas vou colocar aqui...
Escrevi no caderninho de coisas impublicáveis, então tem algumas coisas desconexas por estarem censuradas HAHAHAHA

Enfim.

Ser chato é difícil. Precisa de muita personalidade. É bem melhor mandar uma risadinha, um emoticon engraçado. Mas ser chato não. Pra ser chato você coloca muita coisa em jogo, até uma amizade. Mas eu prefiro ser chata do que falsa. Sou chata mas não levo desaforo pra casa. Eu não abaixo a cabeça para o que dizem e nem me diminuo pra ninguém sobressair. Eu sou chata porque palhaçada, pra mim, tem limite. Sou chata porque "não tenho filho dessa idade com quem me preocupar". Sou chata porque se seu pai não te educou, não sou eu que vou sair do meu salto. Sou chata, mesmo.


A gente precisa ser um pouco cego, um pouco burro e um pouco surdo (isso é uma adaptação ao nick de uma pessoa aqui do meu msn, a Thuysa).
A gente precisa engolir em seco.
A gente pode suspirar quantas vezes for necessário, mas que cada suspiro seja uma injeção de força e ânimo para derrotar mais esse inimigo, subir mais esse degrau, traçar mais esse caminho, ultrapassar mais esse obstáculo, passar mais essa página, erguer mais uma vez a cabeça, levantar após mais essa rasteira que a vida deu.


Há quanto tempo eu não paro pra ouvir o silêncio? Ouvir meu coração bater e dizer o que está trancado nele?
Hoje eu me deitei um pouquinho, o tempo que deu, e fiquei ali, parada. Pensei em várias pessoas. Reavaliei as merdas que eu fiz do passado. Lembrei das decisões que eu tomei agora. É, agora eu escolhi aquela estrada ali. A quem ficou no outro lado, no outro caminho, sobrou um adeus. Ficou lá um pedacinho meu. Outro, cá. Mas de pedacinho em pedacinho, a gente vai reerguendo aquele edifício. Fácil não é, mas uma hora termina.


Um sonho só tem graça quando ainda é sonho.
No sonho, as pessoas não são reais, são perfeitas.
As respostas dadas serão sempre as esperadas. O abraço estará lá, disponível, toda vez que fizer frio.
A vida real é deprimente, quando, do sonho, caímos nela. Ver tudo tão cinza faz mal, vamos voltar ao sonho?
Mas agora não dá. Ele se personificou e está aqui, parado na minha frente. Me dando um tapa na cara, mandando acordar.
Que triste, estou fadada a viver acordada.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Já voltei ¬¬

Depois de levar muitas broncas, decidi que não devo fechar o blog – por livre e espontânea pressão, continuarei escrevendo minhas besteiras aqui.




Enfim, acabo de chegar do médico. Ele disse que eu estou com gastrite por causa do stress. Oba, mais uma doença crônica pra adicionar à lista. Meu querido amigo NERVOSO me fez mais esse favor.



“Pára, muda”. Soa bonito, né. É. Quando é você quem diz, e não quem escuta. Estou ouvindo de todos os lados que assim eu vou ficar louca. Eu sei disso. As pessoas me dizem que eu não tenho problemas na vida, e, realmente, não tenho mesmo, exceto um: eu sinto demais.

Na volta pra casa eu estava pensando naquela velha frase “ficar sozinho é pra quem tem coragem” e mudei minha concepção sobre ela. Antes, eu pensava que ela se referia ao fato de termos que esquecer tantas lembranças lindas, fazer força pra passar num lugar e não chorar ao lembrar de algum momento, esse tipo de coisa. Mas, não, não é isso. Agora eu sei que a coragem é a de enfrentar o abandono. Não simplesmente o abandono material e físico: aquela pessoa não está mais lá pra te ouvir, apoiar, fazer companhia. O problema é que não há mais um abrigo. A coragem é pra enfrentar a insegurança que surge dessa solidão imposta. Pode ter sido imposta por mim mesma, mas foi. Ninguém quer terminar um namoro, mas termina. Ninguém quer passar semanas atendendo ao telefone naquela expectativa de “será que é ele?”, mas passa. O bom é que a gente esquece depois. Ou finge que esquece... Mas as coisas ficam guardadas, e atacam num momento de fragilidade... Não que meus problemas tenham surgido por isso, mas foi uma das causas. Claro, também tem todas as outras que não cabem aqui... Foram só divagações que eu quis anotar.

Tantos textos surgem inteirinhos na minha mente, mas se perdem num vazio que vem depois... A reflexão provoca pausas no pensamento, e até na respiração. Me dá vontade de fugir, mas fugir pra onde? Fugir de mim.



Eu estava pensando sobre isso enquanto lavava meus cabelos. Não precisava, mas lavei. Precisava sentir o cheiro bom de coisa limpa, limpando meus erros e minha sujeira que guardo aqui dentro e preciso expulsar de mim. Precisava esfregar minha cabeça pra ver se passava essa dor que insiste em se transportar do coração pra ela, causando enxaquecas que têm sido constantes. Precisava sentir a água limpa no meu corpo, pra me limpar dessas dúvidas, medos e angústias. Precisava me aquecer com esse vapor gostoso.



Enfim, estava eu pensando na felicidade... Há um tempo, conversei com alguém sobre ela, e chegamos à conclusão que a real felicidade só vem com o conhecimento, mas eu, por ser um ser em constante mutação, hoje descobri que não. É, hoje foi o dia de derrubar por terra todas as minhas teorias kkkkkkk

Eu pensei o seguinte: há dois tipos de felicidade. Uma é a ilusão, que é obtida através da ignorância. Essa é ótima, não há muitos obstáculos, pois a própria ignorância nos mantém ocupados com questões pouco importantes, que não são grandes o suficiente pra gerar qualquer tipo de temor ou tristeza. Mas ao nos aproximarmos do conhecimento, conseguimos perceber, de fora, a escuridão que essa ilusão continha. O caminho é longo e obscuro até o conhecimento. Aquela luz lá no final parece brilhar pouco, é muito fraca, às vezes até pensamos que não vale a pena. Mas essa vontade de emergir, de sobressair nesse mundo de normais que são loucos, de sobrepor, de não tomar como verdades todas essas mentiras que nos rodeiam, de todos os lados, que abafam nossos gritos, que nos enchem de aflição, que... Enfim, essa vontade é forte, e nos move em direção àquela luzinha fraca. Esse caminho, como eu disse, obscuro, é a tristeza em si. Nesse momento, percebemos que os problemas triviais já não têm a menor importância e nunca tememos enfrentá-los. É daí que vem a frase tão recorrente: “Carol, você não tem problemas”. Claro, esses probleminhas ridículos eu enfrento tranquilamente, nem arranha mais. O interessante é parar pra pensar nas grandes questões. E não precisa ir longe não, não precisamos discutir a falta de amor no mundo, a fome, a miséria, a guerra e as desgraças. Primeiro podemos nos ater ao autoconhecimento. Depois vem o mundo. Nem pretendo o mundo, ele é grande demais. Me contenho em tentar conhecer algum pedacinho útil em mim. E aí sim é que os grandes problemas surgem. Aí eu analiso as minhas relações, a minha família, meus amigos, os relacionamentos do passado, os que estão em construção, os que eu destruo todo dia. Esses problemas são de difícil solução e exigem uma força que vem não sei de onde, lá dentro, e me puxa, me faz flutuar. Quem diz que eu sou fraca porque fico sempre batendo na mesma tecla, é porque não sabe quantos degraus eu subi pra chegar até essa tecla aí, essa do abandono, da desilusão, do ceticismo, dos amores que acabam. Não, isso não é fraqueza, é força. É ter cabeça pra encarar essas questões e não apenas deixar passar como a maioria faz. Tudo passa. Eu sei que passa, mas eu quero viver isso, não quero expulsar de mim, quero que a tristeza cumpra seu papel, quero perceber cada sensação. Isso é tato. Eu sei que ando meio triste, mas isso não interessa muito, pra quem quiser, eu guardo a tristeza, não preciso mostrar. Posso passar o dia rindo. Penso muito em alguns problemas, mas posso passar o dia sem sequer mencioná-los. Aí vai de quem ta ouvindo, se se interessar, tudo bem, eu digo. Senão, tudo bem, vamos conversar besteira? Ok.





Pois é, acabei escrevendo um livro quase. Mas acabo esse livrinho dizendo o seguinte: meu momento ta péssimo mesmo, eu to um caco. Mas eu quero vivê-lo, me dê essa liberdade. Não tente me prender, eu me sinto muito bem, mesmo aprisionada em mim, no meu tempo. Deixe que eu viva o que eu preciso viver, deixe que eu amadureça com a minha calma habitual. Como eu já disse uma vez: “não adianta ter pressa ou querer parar o crepúsculo, porque ele vem, do mesmo jeito”. Eu quero esperar com calma, na varanda, o crepúsculo chegar. Quero beijar a lua ternamente. Quero que a noite dure pra me fazer enxergar melhor. Quero que a falta de luz me faça me ver, me permita gritar, correr, mas me impeça de fugir. Quero ver o sol voltar e me fazer enxergar os obstáculos transpostos. Quero poder olhar no espelho e pensar: eu fiz o que devia fazer, eu não pulei uma etapa, eu não esqueci do que ainda não era pra ser esquecido. Eu sobrevivi à solidão, ao abandono e ao esquecimento. Eu estou aqui, e sou minha, só minha. E a felicidade? É a conseqüência.


sábado, 19 de setembro de 2009

Preciso de um tempo....

Eu decidi que eu não vou mais escrever.
Tenho lido muito, e percebido que só escrevo merda, portanto, não vou escrever mais.


Só tenho uma coisa a dizer:

Eu me sinto feliz, como nunca fui. Joguei fora o que não prestava, e não fiquei em cacos como era de se esperar. Eu me surpreendi comigo mesma. Nunca pensei que pudesse ficar sozinha, e fiquei. Eu não me sinto só, não.
Entretanto, eu queria escrever coisas lindas, sobre como o amor é inevitável e um sentimento insuperável. Ele vem no meio de tantos outros... A nossa vida é uma constância de ilusão, desilusão, ceticismo, amor, ilusão de novo. De repente, olhar pro lado pressupõe a presença dele. Se o telefone toca, você torce pra ouvir aquela voz. Qualquer passeio, pra ser bom, precisa ter aquela companhia. As viagens, as festas, as bebidas, as conversas de madrugada, o dormir abraçado, o sorriso incontido, a inconsequência das aventuras adolescentes... E pluft, um belo dia, você fica sem.
Mas o mundo gira, claro. Sobra muita coisa. Sobra o tempo pra você, os dvds que você ainda não tinha assistido, as tardes dormindo, as amigas que ficaram de lado, as risadas até doer a barriga, o filme com uma galera comendo brigadeiro, o sair sem precisar perguntar. Cadê a parte ruim disso aí?

Me pediram pra inverter os papéis e esquecer um pouco o abandono. Mas eu to vivendo o meu momento. Não que eu seja infeliz, ou coisa parecida... Estou muito bem, juro.
Mas acho que essa história de ficar falando da ferida já deu. Mesmo que seja inventado, já deu. E eu não posso mais.

Esse blog está desativado até que eu precise dele de novo.
Como eu disse: eu vou viver meu momento. Quando eu chegar ao lado A de novo, eu volto.

Só por falta do que fazer.

é esse cheiro que me perturba
cheiro no travesseiro
o cheiro das roupas pelo chão
você foi e bagunçou
deixou jogado
ficou lá meu coração
amassado, quebrado.



Eu queria dizer que eu vi e sofri. Mas não, já passou. Eu já disse que aquele amor doente já não me convencia há muito tempo. Eu sabia que não valia mais nada, e nem queria que valesse. Ainda bem que passou. A tempestade lavou o chão de giz, ainda bem.

Eu me sinto tão feliz e completa. Sozinha, mas completa.
Tá acontecendo tanta merda na minha vida, mas são coisas inevitáveis. Sinto que o meu dever está cumprido porque o que eu podia afastar de mim, afastei. O resto não tem solução.
Sofrer à toa, eu não vou. Pelo menos isso.
Tá tudo longe, bem longe. Navio, longe.
Sol, solstício, paisagem. Longe.
Te vejo longe, e nem quero ver.
Quero sair, pôr os pés na terra. Quero barro, sujeira, lama.
Deixa pra fora tudo que está sujo. Tem muita roupa mal-lavada.
Muita roupa tem o teu perfume ainda. Vou jogar fora o que não presta mais.
Você já não prestava.
Já te joguei.
Adeus.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Post chato, idéias chatas. Nem leia. :)


Eu sei que metade do universo odeia a música "Rosas" mas eu vou citar um trecho dos extras do dvd 2/4. O Totonho diz mais ou menos assim: "é que chega um momento em que tu não vai mais te importar com o que estão dizendo a teu respeito". Ele fala isso sobre a frase: "de tantas mil maneiras que eu posso ser, estou certa que uma delas vai te agradar".
Tá bom que foi ele que fez a música e tudo, mas eu discordo. Acho que o que tá nos extras e a frase da música são dois opostos. A parte de não se importar com o que vão dizer é o máximo, vou falar dela daqui a pouco. Agora, dizer que posso ser de várias formas e uma delas vai agradar, pode ser levado pra outro lado. O lado do "tentar agradar". Acho que não foi isso o que ele quis dizer, mas vou interpretar a frase assim pra chegar onde eu quero hahaha.
Das maneiras que eu posso ser, uma vai agradar você. Mas, peraí, por que é que eu tenho que te agradar, mesmo? Aí que entra: chega uma hora que você não vai mais se preocupar se está agradando ou não. Essa minha hora já chegou...

Eu estava pensando sobre isso, e decidi o seguinte: o amadurecimento do caráter é o que te leva a perceber que não importa o que vão dizer. É um amadurecimento porque enquanto você ainda se importa, é porque você não tem certeza de quem você é. Meu caráter é uma coisa que eu levo MUITO a sério. Eu não tomo atitudes das quais eu sempre discordei só pra agradar alguém, pra conseguir alguma coisa. Falsidade é um problema sério. É mais sério ainda quando você pratica isso todo dia. Conheço uma pessoa que foi falsa por tanto tempo, que ela mesma acabou acreditando nessa mentira, nesse mundo de ilusões que ela criou, ilusões que os outros tinham na forma de ver como ela é. Foi triste, porque ela fazia tanto pra parecer legal que a consequência disso acabou sendo a submissão. Mas não vou falar dela hoje.
Hoje eu vou falar de quem não é "o que realmente é" na frente dos outros, só pra agradar.
Meu, qual é teu medo? A pessoa descobrir que você não é tão santo assim? Ah, meu Deus. Uma hora ela descobre, se preocupa não. ^^
Eu não quero me alongar nesse assunto, porque vai que a pessoa lê, né? hahahaha
Mas é o seguinte: amadurece primeiro a visão que você tem de você mesmo. Pare pra pensar no que você é. Se você não gosta, mude. Mas mude mesmo, não só "diga" as coisas de uma forma diferente da que você pensa, só porque fulano vai ouvir. Acho isso uma tremenda escravidão...
Agora, se essa maturidade ainda não chegou, ok, tente não ter opiniões formadas então, já que você não tem o psicológico forte o suficiente pra enfrentar as consequências. Tenha argumentos. Prove com as suas atitudes o que você diz. A reputação não é tudo, na verdade, é quase nada. Aquilo que você pensa que mostra, nem sempre é o que as pessoas vêem. Pessoas como eu, que reparam nos detalhes, desmascaram pessoas como você rapidinho \o/
Fica a dica.


Eu sei que eu usei muito o "você" pra me referir a alguém que - espero - não vai ler. Mas é que, sei lá. Eu gosto de dizer as coisas na frente, mas tem gente que não gosta de escutar. Então eu prefiro evitar a fadiga de discussões ferrenhas que não surtirão efeito algum na cabeça de seres retrógrados como esse. Prefiro me manifestar aqui, vai que serve pra alguém que tá lendo também, né! :)

Ok, então. Fim do post \o/

Ah, hj é sexta. Bite-me.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Poema sem inspiração.

Quero uma música que me lembre de nós
Quero um balão colorido que me faça esquecer
Ver a lua lá do céu, te olhar no chão
Não precisa me alcançar pra me ter
Já era tua antes de ser
Antes de os seus olhos entrarem
O teu azul me convencer
Antes que me julgassem...
Obrigada por aqueles sorrisos
O sorriso que minha boca desenha
Quando eu penso em você
E aquele brilho que não me deixa esquecer
Que só você me faz feliz
Que a tua luz me ilumina
E que eu te quero pra sempre
Pra sempre minha
Me jura eterno amor
Deixa que o sol se ponha sem medo
Porque ele volta, ah se volta
Com você aqui, perto de mim
Eu não tenho medo do fim.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Desfazendo o nó...

Ouvi o barulho da porta, despertei assustada, percebi o trinco girando, abri bem os olhos, vi os olhos dela entrando...
Era madrugada, estava frio, mas a sua presença deixava o ambiente quente. Acendi o abajur, queria a luz média, nada que nos revelasse demais. Ela havia perdido o sono, pediu desculpas por me acordar, mas ela precisava da minha companhia... Eu disse que tudo bem com um abraço, e nos sentamos na cama para conversar.
Durante alguns instantes só se via a lua no olhar dela, as palavras que ela dizia pareciam sumir no ar, no espaço-tempo entre nós duas. Eu me senti longe, e ao mesmo tempo tão perto, sua respiração se misturava à minha, sua mão estava na minha perna. Ela foi chegando mais perto, eu sentia seu rosto me tocando de leve. Passei minha mão em seu rosto e nossos lábios se aproximaram...
Meu coração, acelerado, não sabia o que pensar. Decidi então que não pensaria em nada, aquilo era tão bom que não precisava de explicação nenhuma, e eu nem queria... Só queria que nossos hálitos se juntassem num momento eterno só nosso. Eu sorvia sua essência e nem me dava conta de que meus sentidos já não me obedeciam. Meu corpo estremecia e ela começava a desfazer o nó que prendia o robe de seda. Senti, então, que o luar seria suficiente para nos iluminar, apaguei a luz, não queria testemunhas.
Foi uma confusão de pernas e beijos, uma loucura intermitente da qual eu sequer me dava conta. Eu não tinha mais controle sobre meus movimentos, o controle era todo dela. Ela fazia o que bem queria de mim, e eu gostava. Era estranho, mas eu gostava!
Sua língua percorreu todo meu corpo arrepiado, suado, cheio de desejo. Seus pêlos e cabelos acabavam se confundindo com os meus, eu não sabia mais quem era quem, nós éramos uma só. Eu nunca havia sentido aquilo, mas ela vinha me invadindo, seu exército não pedia permissão, e eu simplesmente abria todas as fronteiras... O tempo parou, e eu não sei dizer se foram minutos ou horas de êxtase, mas quando nossos corpos e almas se desvencilharam um do outro e ela deitou-se ao meu lado, ofegante, ainda assim eu me sentia unida a ela, de alguma forma. Algo nunca experimentado antes.
Não precisamos dizer nada, nos olhamos profundamente e ela deitou-se no meu colo. Afaguei seus cabelos até que ela dormisse e, no final, era eu quem havia perdido o sono.



PS. Gostaria de salientar que minhas convicções heterossexuais permanecem inalteradas e que esse texto é mero fruto da minha imaginação.
AHAHAHAHHAHAHA

domingo, 13 de setembro de 2009

Demora

Como eu escrevo?

Eu termino tudo que tenho pra fazer, e, antes de desligar o pc, abro o word. Olho pra página em branco, estralo os dedos, e escrevo. E o que sair, saiu. Geralmente, ficção. Geralmente com uma verdadezinha escondida por detrás das nuances de melancolia que acabam transparecendo no texto... Geralmente as palavras usadas, à revelia de outras quaisquer, que já não fazem tanto sentido pra mim...

Enfim, acabei de fazer isso, e tá aqui o resultado (obscuro hahaha)


"Ele se demora"


O gosto da derrota é o que demora
Fica na língua, garganta, entranhas
Dia após dia, de noite, sereno
A serenidade não vem, não fica.
Seus cachos caindo nos olhos
Seu olhar, um mistério, ilusão
Seu choro apertado, doído
Se aperta contra a minha boca, segura minha mão
Me pega e leva, eu vou, me guia
Sou sua rotina, seu tempo que pára
E você não gosta mais? Antes gostava
Antes queria, queria...
Mas você não vem mais, eu te chamo
Te imploro, me veja
Saiba quem eu sou, você sabe bem
Agora que você me tem...
E essas mentiras, suas palavras ouvia
Mas os beijos também perderam o sabor
Te procuro, não encontro, agonia
Me fez perder o rumo, a proa, o amor.


E assim lá se vai mais um domingo...

Até mais, pessoas.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Violão e voz.

Já dizia a Ana Carolina: “Quando fico triste, toco o violão, mas não é por causa dele que eu to triste não...”.
Hoje eu fiquei triste. Triste não, só aconteceu de novo. Minha sensibilidade me traindo, apunhalando pelas costas, pra variar. Vem de repente, assim, como o leite que se derrama, saindo de uma vez da leiteira. É, o “leite derramado” traduz bem. Fica tudo lá, pelo chão, sujando a casa. Minha casa ficou suja.
Depois eu não entendo porque eu fico tão mal assim. É que acumula, sabe? Fico guardando aquilo, dia após dia, uma hora escapa. Sai. Vaza. Derrama. Mas é melhor que se derrame mesmo, melhor do que guardar. E, também, não reclamo com ninguém, não adiantaria. Eu passo horas pensando, refletindo, conversando comigo mesma. Falo tudo que eu tenho pra falar e as paredes, o caderno, o livro e o word escutam. Aí eu não preciso mais dizer. Fica melhor assim, a pessoa nem sabe que me causou mal, acho melhor. Estou protegendo os outros, me esquecendo de mim. Talvez até esteja protegendo a mim mesma, porque, de repente, se eu não tivesse essas longas conversas comigo, acabaria dizendo coisas das quais me arrependeria depois. No final, eu sempre vejo que não valem a pena a confusão, os gritos e depois as lágrimas, os abraços, os pedidos de desculpas e a volta à confidência de antes.
Mas eu comecei a escrever este texto quando coloquei o violão na cadeira aqui do lado. Eu queria falar dele. Meu melhor amigo. É, é idiota, parece besteira, mas meu violão me faz TÃO bem. Ele não fala besteiras, só diz o que eu peço pra dizer... Dele é que saem os acordes que me acalmam, mas também há aqueles que gritam por mim quando eu não posso gritar. Hoje aconteceram coisas com duas pessoas a quem eu devo respeito. E eu tenho que ficar quieta, é melhor. Claro que seu pudesse, pegaria minhas malas agora, embarcaria num ônibus pra qualquer lugar do planeta e iria, aliviada, riacho afora, sozinha. Só minha mala, meu mp4 e meu violão. Mas também é claro que eu não posso fazer isso.
Ao invés disso, ligo meu laptop, entro no site de cifras, pego meu violão e passo horas aqui na frente, sozinha. Fico tranqüila, feliz. Meu violão me consola, me tira esse peso, esse nó que teima em ficar na minha garganta. Ele nunca me deixou na mão.
Eu posso ter milhares de lembranças boas e ruins, apenas ao olhar para ele. Mas isso não importa, porque quando meus dedos formam um acorde qualquer, e o som escapa dessa caixa morta de madeira e toma conta do quarto, ela deixa de ser morta e passa a ser a coisa mais viva do lugar, passa a ser a única verdade dentro de mim.
Eu agradeço aos meus amigos, todos, os que hoje me ouviram, me deram conselhos, enxergaram os fatos melhor que eu, e também àqueles com quem eu nem falei a respeito, mas me fizeram sorrir. Claro, ter amigos é muito importante, mas nada melhor que o silêncio para fazer escapar todo o sentimento ruim. O meu silêncio e o som dele. Isso basta.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Sinceridade

Hoje eu vim falar de uma coisa que meus amigos conhecem bem: sinceridade.
Eu estava hoje estudando, quando me lembrei de um fato, sobre o qual até cheguei a comentar com algumas pessoas, mas não acho certo expô-lo totalmente aqui...
Digo que meus amigos conhecem bem a minha sinceridade, porque não me canso de dizer que sou sincera. É, eu falo o que eu tenho que falar, mesmo que a pessoa não queira ouvir. Por outro lado, também não digo coisas só porque a pessoa quer ouvir.
Eu tenho me deparado com algumas situações no mínimo esquisitas. Elas vêm acontecendo tanto comigo, como com alguns conhecidos, que observo de longe.
Bom, vou começar do começo.
O mundo hoje é muito imediatista. Você quer ter logo seu carro, ter logo seu emprego, se formar, ter a liberdade, ter dinheiro. Você quer isso rápido. Acho que as pessoas vêm se acostumando com a velocidade virtual e esquecem que a vida tem seu tempo, que o mundo gira em vinte e quatro horas, não importando se você está com pressa. É também dentro da vida virtual que esse imediatismo se expressa de uma forma mais gritante.
As relações que eu tenho visto serem construídas estão se desomoronando com a mesma facilidade com que se ergueram no começo. Você conhece alguém na internet que tem alguma mínima coisa em comum. Conversa horas sobre aquilo. Diz eu te amo. Ela responde eu também. Continuam conversando sobre aquele tema inicial. Se você tenta conversar sobre um livro, o papo não se desenvolve. Tudo gira em torno daquilo do qual ambos são fãs (sendo "aquilo" qualquer tipo de coisa/pessoa). Um dia, quando o assunto acabar - e ele vai acabar - aquela pessoa vai ficar na sua lista de email. Passarão alguns meses e ela será excluída. E fim. Ninguém nem vai se lembrar mais daquelas horas que passaram juntos.
Será que isso quer dizer que, hoje em dia, as horas não têm mais tanta importância? Antes, era mais difícil. Tínhamos que marcar de sair, ir até algum lugar, conversar horas, ir embora. Hoje basta entrar no msn, preferencialmente off line, que é pra que "quem não interessa" não te veja on, e pronto, a conversa é realizada. Claro, sem aquela profundidade de uma mesa de bar depois de alguns goles a mais.
Dá pra contar nos dedos da mão com quantos amigos do meu msn eu conversei sobre um livro. Com quantos eu falei de um filme. Quantos realmente me conhecem e sabem dos meus defeitos e segredos - aqueles aos quais eu não optei em bloquear quando não estava bem - e quantos desses realmente se interessaram... E tem também aqueles mais raros ainda de onde surgem filosofias, posso até dizer o nome deles aqui: Mayara, Carlos, Murilo, Larissa, Muriel e Janaina.
Sim, são pessoas com pontos de vistas às vezes iguais, às vezes diferentes, que muito contribuem nos meus posicionamentos sobre certas questões. Uns sobre relacionamentos, uns sobre felicidade, uns sobre a vida, uns sobre o comportamento humano, uns sobre o coração e outros sobre as nossas escolhas. Alguns desses são virtuais. Desses, eu sei que o destino não é o cesto de lixo. Dos outros, não sei. Desses, eu sei que tirei lições valiosas e com eles jamais perdi meu tempo - claro que também falamos besteiras e damos risadas, mas quem disse que isso é perder tempo? A leveza depois do raciocínio, reflexão, conclusões nem sempre boas, é simplesmente fundamental.
Eu acabei mudando de assunto e não falei da sinceridade da forma como eu queria... Mas aqui eu lanço uma pergunta: por que as pessoas ficam criando situações, exigindo respostas, obrigando a pessoa a mentir para protegê-las de uma dor maior por perceberem que, na verdade, não receberiam um "eu também" sincero?

sábado, 5 de setembro de 2009

Somos tudo que vamos perder...

Peguei as chaves do carro, que estavam jogadas sobre a mesa, e bati a porta. Saí do mesmo jeito que entrei. Sem olhar para os lados, sem enxergar nada do que estava ali. Eu não queria ver.
Dirigi sem direção, mas qualquer caminho que eu tomasse lembrava o teu. Nós já passamos por aquela rua, reparamos naquela árvore, você roubou uma rosa daquela roseira, aquele cachorro latiu quando a gente passou. A escuridão era absoluta, mas as imagens me vinham como um clarão. O sol estava no céu da última vez que segui por aquelas ruas. Agora, não está mais. É de noite, mas nada ilumina meus passos. É, eu saí do carro, me senti presa, sufocada. Queria passar com os próprios pés pelos lugares onde nossos pés haviam passado juntos, cena que não mais se repetiria. Respirei fundo, em busca do ar gelado que só a noite traz, mas ele não me veio. Talvez até tenha vindo, mas eu não senti, porque ele não foi capaz de me curar.
Sentei-me naquele meio-fio onde nós nos despedíamos tantos anos atrás, no começo, quando tudo era difícil e não tínhamos escolha. Havíamos andado tantas vezes por aquelas calçadas, deixamos nossa história lá, como crianças que escreveram de giz seus nomes, dentro de um coração, e a chuva apagou, sem deixar vestígios daquela tarde.
Fixei meu olhar num muro branco que havia ali. Lembrei de todos os abraços, os beijos doces, outros quentes. Lembrei de ser apertada contra a parede pelo teu corpo. Pensei naquela promessa de que seus braços jamais me deixariam desamparada, de que sua boca jamais se descolaria da minha, de que seus olhos seriam sempre meus. Eu conseguia enxergar aquelas cenas, reviver vários momentos, ter a sensação de que tudo estava acontecendo agora. Mas não estava, não havia ninguém ali. Nós não estávamos mais lá, e nem em lugar nenhum. Eu me perdi de você, me perdi dentro de mim.
Agora, seus olhos não são mais meus. Seus braços envolvem outro alguém, a quem você diz as mesmas mentiras sinceras que você tanto queria que fossem verdade. Não serão mais. Suas palavras só soaram sinceras da primeira vez, quando ditas para mim. Ninguém mais vai te ter puro, eu tive.
Talvez esse tenha sido nosso maior erro, que há tempos eu havia previsto. Inocentes, imaturos e virgens demais. Era o olhar sincero de quem não sabia o que era amar. De quem jogava jogos de amor, sem saber que provocava sofrimento. De quem não sabia explicar, ouvir e nem entender. De quem lutou contra a correnteza até o último momento, para se afogar sem direito a um último suspiro, sem o teu alento, sem um cobertor na noite fria. Não era para ser uma luta, mas foi. E acabou. Eu venci, ou você venceu? Acho que saímos todos perdendo, mas também ganhando.
Quero me sentir de novo aquela adolescente que vive num barquinho, no meio do mar, durante as tempestades de verão. Quero me sentir remexer, ter o medo de cair, e não mais pensar que é apenas uma conseqüência do desgaste. Eu quero ter que lutar, mas não por alguém, sim por mim.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Ando tão à flor da pele...

Primeiro deixa eu sair um pouco do clima do post, pra registrar a minha emoção.

O @Prof_Pasquale respondeu uma dúvida minha :)

Enfim, deixa eu voltar para o clima do post.

Ando tão à flor da pele.
Tanto na música do Chico, como na música do Baleiro. E isso não foi só pra ficar engraçadinho, pra dizer que eu tive uma sacada. É verdade mesmo.

Eu tenho me afastado, e poucas pessoas têm percebido. Talvez seja porque eu não me tenha afastado só delas, me afastei de mim também.
Acho que, no momento, minha vida se resume a uma coisa: Não tô com saco.
É.

O que será que será, que dá dentro da gente e não devia, que desacata a gente, que é revelia, que é feito uma aguardente que não sacia.

Eu já cansei de escrever aqui a respeito da minha impotência frente aos sentimentos que me assaltam por aí.
Ontem eu estava indo pra facul e no caminho tem uma árvore que, no inverno, floresce. Faço esse caminho bem quando o sol está nascendo, aí tive o privilégio de olhar pra essa árvore por um ângulo incrível. O sol passando por entre os galhos, as flores mais roxas que o normal dos dias nublados que vinham se sucedendo. O céu azul, de um azul tão bonito que de tanto olhar pra ele, perdi a noção do caminho. Na volta, um Ipê branco com um véu ao vento. É, as flores caíam o tempo todo, deixando a calçada inteirinha branca. Quem passasse ali embaixo tomaria uma chuva de perfumes... Eu não passei, não me animei a trocar de calçada.
Mas... Por quê será que não me animei, se eu sempre amo ver essas cenas que só há na natureza? Se quatro horas antes eu havia parado pra ver uma árvore de flores roxas, por que não pararia agora pra ver uma de flores brancas?

Enfim, acho que a manhã tem um efeito revigorante, que com o passar das horas vai se esvaindo...
Pensar que ainda há um dia inteiro pela frente, que pode ser o melhor da minha vida, e ver isso se transformando em mais um dia comum, normal, sem nada. Acho que é isso que diminui até a magia das imagens fascinantes que há pelas ruas...
Essa saudade de nada, esse orgulho por nada, esse fascínio por nada, essa procura por nada, essa falta...

Ando tão à flor da pele, que meu desejo se confunde com a vontade de não ser.
Meu desejo de traçar aquele caminho a cada dia, a cada passo... Aquele desejo de acordar um dia e pensar: "fiz tudo que quis", e não apenas "fiz como pude". Mas uma criança de 18 anos não pode perder a fé, assim, no mundo e nas pessoas.
Mas... Com o que tenho visto, fica difícil manter essa fé. Tenho visto coisas horríveis, mas só quem tem muita sensibilidade capta. Eu captei.
O problema é que toda essa sensibilidade só me faz mal, não serve pra nada. Não sou artista, não sei o que é "tirar sustento da imaginação", não faço poemas, não escrevo bonito, não enxergo a beleza do "sem nexo".
Eu procuro sempre, sempre, a explicação lógica pra tudo e nem sempre acho. Nem tudo tem explicação.
Tenho que me acostumar ao infinito, à falta de razão, às pessoas e ao jeito delas. Mas não me obrigue a tentar de novo, não agora. Agora, não quero mais.
Não quero ouvir os problemas dos outros, não quero passar horas aqui.

Seria egoísmo dizer que o sorriso de muita gente já não me importa, e também seria mentira. Claro que me importa, eu só não faço questão agora. Enquanto eu não tiver o meu sorriso pra complementar o seu, eu não estarei por aqui...