sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Último dia do ano.

O mar e sua revolta me lembram o que eu tento esquecer: as ondas de dentro do meu peito, que vêm fortes, com o vento, querendo saltar pra longe de mim. Não me cabe tanta angústia. Hoje é o último dia do ano, o que me faz relembrar o que passou. Me recordo exatamente esta hora, um ano atrás. Éramos outros. Ainda somos os mesmos, mas um pouco mais feridos. Eram sorrisos que hoje são substituídos por outros, com outras causas, outros motivos, outros espectadores.

Há um ano, era outra praia, mas o mesmo mar, com outras nuvens, as mesmas ondas. Os mesmos medos. Outros desafios. Outras tantas dúvidas, diferentes das que me corroem hoje, porque eram outras certezas. Hoje não há certeza alguma, apenas sentimentos... E eu espero. Não sei se acontecimentos ou o fim. Fim do que nem é ainda real.

Passei a tarde no quarto - a paisagem não me convidou, por hoje. Eu, meu violão, metade de um livro desistido porque pensamentos me tomaram de suas idéias. O frio era dentro do meu corpo, e por fora um vento ríspido me levava a ficar em encolhida, como um bebê desprotegido das coisas que vêm de dentro. Pensei em você. E as nossas músicas tocavam repetidamente, como trilha sonora desse temporal de medos.

A insegurança é quem me faz sentir sozinha, junto com uma dose de realismo. E aqui vinham os dois juntos, entrando porta adentro e me tomando num suspiro. Deixo o violão mudo por uns tempos, até que os acordes se encaixem em si mesmos, que a minha vida se encaixe na sua, ou retorne a mim. Talvez não haja amanhã, nem acontecimentos, nem fim, nem começo. A volta é sempre a mesma, e não conseguir mais ficar sem você pode ser mesmo uma constante, que não depende de mim alterar. Só espero que a chuva passe, a calmaria lá no mar traga pelos meus olhos alguma calma.

Hoje é o último dia do ano, e a companhia que eu esperava não está aqui, nem perto dos olhos, nem perto do coração. Há um ano, havia alguém ao meu lado, mas a solidão era a mesma de hoje, e a de sempre, porque simplesmente não há nesse mundo - ou à minha vista - quem me complete.

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